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"œSe todo mundo fizer sua parte, o trânsito melhora", avalia mototaxista

Agentes que compõem o trânsito fazem uma autoavaliação de suas condutas, que contribuem para os problemas no setor.

25/09/2017 08:10

Avançar o sinal vermelho, não parar nas faixas de pedestres, dirigir com velocidade acima da permitida, manusear o celular enquanto dirige ou transita e atravessar fora da faixa de pedestre. Estas são algumas das inúmeras imprudências que os diferentes agentes que compõem o trânsito, sejam eles motociclistas, ciclistas, motoristas ou pedestres, cometem em Teresina. 

Tais condutas são responsáveis pelo grande número de acidentes e óbitos decorrentes de problemas no trânsito da Capital. De todo o Piauí, Teresina foi o município que mais registrou mortes em 2016, contabilizando 191 óbitos. O número representa uma média de 15 mortes por mês. 

Pedestres se arriscam atravessando ruas fora da faixa (Foto: O Dia)

Para os teresinenses, isto reflete como os condutores e pedestres são imprudentes. Todos os entrevistados pela reportagem de ODIA, sem exceção, afirmam estar insatisfeitos com o trânsito da cidade e colocam a causa da imprudência neles mesmos. Segundo eles, os problemas do trânsito caótico de são responsabilidade de todos. 

“O que precisa é cada um fazer sua parte, é a gente se conscientizar. Nosso trânsito é caótico e horrível. Tem que ter muita paciência e cautela, porque é sempre muito estressante andar na cidade. Mas se todo mundo fizer sua parte, ele melhora”, afirma o mototaxista Robério Lustosa, que há oito anos trabalha na área. Ele afirma se sentir inseguro em cada momento do dia. “As pessoas não respeitam as sinalizações, motoristas invadem as preferenciais dos outros, é uma chuva de infrações”, enfatiza. 

Da mesma forma, o taxista Raimundo Nonato comenta sobre o assunto e, indignado, destaca que só falta educação. “O trânsito de Teresina é um local de muito desrespeito do próprio condutor. Trabalho todo dia e vejo isso toda hora. Falta educação, as pessoas precisam se conscientizar, porque só o que tem é imprudência”, ressalta. 

Para os ciclistas, a dificuldade é a mesma. Jocinias Alves é vendedor ambulante há 24 anos e usa a bicicleta para trabalhar diariamente. Ele afirma que, além do risco de ser atropelado a cada momento, também se sente excluído. “Não estou gostando das modificações que estão fazendo no trânsito, porque estão esquecendo dos ciclistas, estão nos excluindo. O espaço destinado a nós é muito pequeno, a gente tem que andar muito atento, tomar muito cuidado, porque os carros não respeitam ciclistas”, aponta. 

Pedestres 

Aposentado, Dário Alves da Silva, de 74 anos, que hoje não consegue mais ouvir e enxergar direito, diz que ser pedestre é um desafio diário em Teresina. “Me sinto frustrado caminhando por aqui e agora que estou mais velho, evito sair. Eu tenho dificuldade de ouvir, de enxergar e ainda ando de muleta. Se já é difícil para os jovens atravessarem a rua e caminhar no trânsito, imagine para mim. Têm dias que fico é horas esperando alguém parar na faixa para eu atravessar, mas não param. Às vezes, tenho que passar pulando com um pé só para não ser atropelado. É muito constrangimento”, relata o idoso. 

Até para os mais jovens é complicado. Rosélia Alves, de 27 anos, reclama do desrespeito dos condutores. “O trânsito ainda deixa muito a desejar pela falta de responsabilidade dos condutores, eles não prestam atenção e quem mais se prejudica, em caso de batida, é o pedestre. Nas avenidas principais e maiores, é horrível para atravessar, super perigoso. Aqui no Centro, é uma confusão de carro e pedestre, para os idosos é ainda pior”, critica. 

Campanha visa conscientização dos condutores 

A gerente de Educação de Trânsito da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), Samyra Motta, confirma que o grande problema do trânsito da Capital é o mal comportamento dos condutores e pedestres. Ela afirma que a única maneira de mudar o atual cenário seria as pessoas se conscientizarem e tomarem as atitudes corretas. E este é justamente o mote da Campanha Nacional de Trânsito deste ano. 

“O tema da Campanha Nacional de Trânsito, ‘minha escolha faz a diferença no trânsito’, é para ajudar nessa conscientização. O intuito é trabalhar o comportamento, que é justamente o grande problema atual do trânsito. Pessoas bebem e dirigem, não usam cinto de segurança, não usam capacete, a pessoa dirige sem CNH, usam celular, são várias coisas que acarretam em acidentes e mortes”, explica a gerente. 

De acordo com Samyra, a velocidade e o álcool são os principais fatores de risco de acidentes. “Quando a pessoa bebe, ela perde um pouco a noção e acaba não agindo de forma prudente. E a velocidade agrava o acidente, a pancada é maior”, afirma. 

Segundo ela, durante todo o ano a Strans realiza ações voltadas para a educação no trânsito, principalmente para as crianças, que são os futuros condutores. “A gente acredita que eles serão melhores, porque os atuais são cheios de vícios. A gente chama, conscientiza, mostra exemplos tristes que têm”, afirma. 

Contraponto 

Quanto à reclamação de exclusão dos ciclistas citada por Jocinias Alves, Samyra discorda e afirma que eles não estão sendo esquecidos. Segundo ela, há muitos investimentos voltados para estes agentes. “Nossa cidade está com muitas obras, principalmente nos canteiros, por conta da mudança da mobilidade urbana, assim que ficarem prontos estarão acoplados com ciclovias. Além disso, há também há as ciclofaixas, que a gente já tem algumas. Infelizmente, muitos motociclistas e motoristas não respeitam, as vezes, estacionam em cima, e é aí que vem outra vez a educação”, frisa.

Edição: Virgiane Passos
Por: Karoll Oliveira
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